Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história.

Desde o início da vida de Liesel, na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, O Manual do Coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve.
 

Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes. E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte.
 

O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo, ou a mulher do prefeito, sua amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos.



Confesso que há alguns anos atrás quando comprei esse livro imaginava uma história completamente diferente, quando comecei a lê-lo fiquei até um tanto quanto relutante conforme fui entendendo o quão deprimente a história. E como na época, tinha lido inúmeros livros pesados resolvi deixá-lo um pouco de lado. Muito tempo depois quando estava mais “empolgada”, peguei ele da minha estante e o li de uma vez só. E foi assim que me deparei com um dos meus livros preferidos de todos os tempos.
A história de Liesel é chocante, tocante desde os primeiros capítulos. Historicamente falando, a história se passa na Segunda Guerra Mundial, bem no bolo da Alemanha Nazista. A partir deste simples fato já se tem mais ou menos uma previsão de como o livro fluirá. Mas o engraçado é que apesar de ter esse pré-conceito, o livro é por vezes engraçado, emocionante e muito inocente (Isso porque é teoricamente a Morte que está narrando o livro!!!)
Logo no começo do livro a Morte conta uma teoria que eu acho um dos trechos preferidos:



Como já havia comentando, o livro é tocante e isso se deve não apenas pela narrativa mas também pelos personagens. Você vive com a Liesel o livro inteiro, e isso faz com que você crie sentimentos pelos seus amigos e familiares. Não tem como não amar o pai adotivo de Liesel, Hans Hubermann, que é quem ensina Liesel a ler e escrever e a involuntariamente, desperta nela o vício pelos livros e seus eventuais roubos.



Outro personagem que é maravilhoso: Rudy Steiner. Ele é o melhor amigo de Leisel e seu companheiro de aventuras. Ele é apaixonado por ela e eles vivem uma espécie de romance muito inocente e fofo, mas que bem... por um incidente não segue em frente. (Não quero dar spoilers).
Mas o personagem que sofre demais e sofremos junto com ele é Max Vanderburg, o judeu que vivia no porão da casa de Liesel. Imagine uma família alemã abrigando e cuidando de um judeu em pleno auge no nazismo? É neste ponto que a crítica começa a se solidificar no livro e você percebe realmente que quando pensamos nas guerras mundiais, muitas vezes não nos damos conta do real sofrimento de quem estava no meio de tudo isso sem noção nenhuma das inúmeras atrocidades que estavam acontecendo ao redor do mundo.
Acho sensacional esta passagem que narra em uma pequena historinha a trajetória do Hitler:



Concluo dizendo que é um livro forte - somente o encare quando quiser realmente lê-lo, senão ele ficará maçante e cansativo. A menina que roubava livros apresenta um caleidoscópio de emoções: tristeza, alegria, raiva, magoa, compaixão, desespero que te envolvem lentamente até te consumir durante a leitura. Enfim, é um livro maravilhoso que apresenta uma história cativante, com um bom fundo crítico e você terminará o livro revendo muitos conceitos que você possuía anteriormente :)

Gostaram do livro? Vão ler? Comentem!


6 Comentários

  1. É um dos melhores livros que já li.É realmente muito legal que vocês tenham feito a critica sobre ele,muito boa a escolha e muito boa a crítica ;D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente! Traz muitos ensinamentos pra gente né? Obrigada!

      Excluir
    2. mmmuitos mesmoos
      De naada =)

      Excluir
  2. Eu li esse livro há alguns anos e achei fantástico. No inicio eu não entendia quase nada mas depois acabou se tornando muito viciante. Lendo essa resenha me deu vontade de reler ;)

    Beijos,
    http://rockmyshoes.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Sou apaixonada por esse livro. Achei maravilhoso!

    ResponderExcluir
  4. Amo esse autor! Esse livro e "Eu sou um mensageiro" são os meus favoritos *-*

    bjsss
    http://tubaiina.blogspot.com

    ResponderExcluir

Por favor, nada de xingamentos e desrespeito!